sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Acordo… Sim, Não, Talvez...

Os Estados Unidos da América (EUA) e a China estão no centro das atenções e cabe-lhes um papel decisivo no desbloquear das negociações com vista a um acordo, por serem os dois maiores emissores mundiais de dióxido de carbono (a China já ultrapassou os EUA em emissões anuais, mas os EUA são historicamente o país que mais emitiu CO2 para a atmosfera terrestre).
Devido à responsabilidade histórica dos EUA, a administração norte-americana tem sido pressionada para apresentar um plano mais ambicioso de redução de emissões. Até agora, os EUA propuseram-se reduzir 17% as suas emissões até 2020, em relação aos níveis de 2005. Um esforço tímido em comparação com o europeu, por exemplo. A União Europeia (UE) por seu lado avança para os 30% até 2020, em relação aos níveis de 1990.

Empatados em inércia
EUA e China também ainda não acertaram o passo em relação à verificação dos esforços de Pequim. Washington quer garantias que o controlo de emissões de dióxido de carbono por parte da China é real e verificável. Mas Pequim não tem aceitado essa verificação externa. O Primeiro-Ministro chinês já disse que aceita o diálogo e a cooperação que não seja intrusiva.
Tem havido recriminações de parte a parte. O senador John Kerry acusou acusou a China de ser a maior causa de inércia em Copenhaga. Os chineses ripostam com a responsabilidade histórica dos EUA no problema e com o nível de desenvolvimento e de emissões por habitante muito diferente entre os dois países.

Discursos e intenções
Ontem sucederam-se os discursos dos chefes de Estado e de Governo em Copenhaga. Muitos ultrapassaram a duração máxima prevista de 3 minutos mas sem um acrescento substancial de conteúdo. A maioria dos líderes sublinhou a importância de se chegar a um acordo e a importância histórica do que está em jogo.
O Brasil, um dos protagonistas desta cimeira – devido não só a ser uma das maiores economias emergentes mas também pelo que representa a Amazónia – pôs as cartas na mesa. “Esta conferência não é um jogo onde se possa esconder cartas na manga. Não podemos ficar à espera da jogada do nosso parceiro”, disse o Presidente brasileiro, Lula da Silva (em português). Senão “todos serão perdedores”.
Lula da Silva advertiu que “não é politicamente racional, nem moralmente justificado colocar interesses corporativos e sectoriais acima do bem comum da humanidade." O Presidente brasileiro defendeu ainda que o Protocolo de Quioto não poderá ser substituído por instrumento menos exigente.
Em defesa do Protocolo de Quioto também saiu o presidente francês, apesar da UE já ter dito que Quioto é insuficiente. Nicolas Sarkozy alertou para o fracasso desta Cimeira seria uma catástrofe. “Temos que chegar a acordo sobre uma posição política comum", apelou.

“Qual impasse?”
O primeiro-ministro português também discursou (em inglês) perante o plenário. Sócrates fez um sublinhou a aposta portuguesa nas energias renováveis e fez votos para que saia uma vitória de Copenhaga.
No final, em declarações aos jornalistas o primeiro-ministro disse esperar que a China e os Estados Unidos façam mais para que se chegue a um acordo. “Tenho a convicção de que os Estados Unidos e a China poderão dar passos em frente, acompanhando a liderança europeia que tem sido afirmada nesta conferência”.
Sócrates desvalorizou o impasse em que as negociações se encontravam a de 24 horas do final. “Qual impasse? É sempre assim numa cimeira”, disse acrescentando que “gostaria que as coisas estivessem mais avançadas, mas não perco a esperança, porque o mundo não tem condições para assistir a um falhanço”.

Esforços insuficientes
Um documento confidencial de análise das Nações Unidas, revelado pelo jornal britânico The Guardian, mostra que as propostas de redução de emissões que estão em cima da mesa em Copenhaga não vão ao encontro do objectivo enunciado pela maioria dos países (alguns, como os Pequenos Estados Ilha, ameaçados pela subida do nível médio das águas do mar, pretendiam impor um objectivo de 1,5 ºC) de limitar o aumento da temperatura média global a 2 ºC, mas levarão sim a uma subida de 3 ºC.

À espera dos líderes
Esta manhã aguarda-se que comecem a chegar ao Bella Center os líderes mundiais, com destaque para o presidente norte-americano, Barack Obama e o Primeiro-Ministro chinês Wen Jibao. Vive-se um ambiente de expectativa, mas ninguém arrisca previsões. Acordo? De princípios e boas intenções… certamente; juridicamente vinculativo… já se sabe que não; politicamente vinculativos com prazos para que durante 2010 se assine um tratado… talvez.

(Fonte: Sic Online)

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