terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Maiores emissores de CO2 estão entre os 55 países que já aderiram ao Acordo de Copenhaga

Cinquenta e cinco países, representando 78 por cento das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), juntaram-se ao Acordo de Copenhaga – o resultado não-vinculativo da última cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas, em Dezembro passado.
A ONU tinha dado um prazo até 31 de Janeiro para que os países manifestassem a sua intenção de aderir ao acordo, selado inicialmente entre cinco nações – Estados Unidos, China, Índia, Brasil e África do Sul. Na lista agora divulgada pelo secretariado da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas figuram 20 países em desenvolvimento e os demais são nações industrializadas ou em transição para uma economia de mercado, incluindo os 27 Estados-membros da União Europeia (UE). A ONU, no entanto, não contabiliza Chipre no saldo final, por não integrar o mesmo anexo da convenção onde estão os demais países da UE.
O Acordo de Copenhaga previa que cada país apresentasse que compromissos ou acções estão dispostos a fazer para reduzir a sua contribuição para o aquecimento global. Os países desenvolvidos submeteram sobretudo promessas que já tinham anunciado antes da cimeira de Copenhaga – desde os 17 por cento de redução de emissões dos Estados Unidos, entre 2005 e 2020, até aos 40 por cento da Noruega entre 1990 e 2020.
Poucos admitem compromissos unilaterais – como a União Europeia, que já assumiu internamente a meta de 20 por cento. A maior parte condiciona as suas promessas à adopção de um acordo internacional ambicioso e legalmente vincultativo, que inclua todos os maiores emissores mundiais de CO2. Os Estados Unidos fazem depender a sua meta da aprovação de um pacote legislativo interno, o qual está, porém, a enfrentar obstáculos no Senado. O Canadá alinhará com o que ficar decidido nos EUA.
Do lado dos países em desenvolvimento, os promessas são variadas. Alguns, como o Brasil, Indonésia, África do Sul e Singapura, propõem metas de redução relativa das suas emissões – isto é, um crescimento menor no futuro. A China e a Índia dizem que vão reduzir a sua intensidade carbónica, ou seja, emissões de CO2 por unidade do PIB. Outros, sobretudo países mais pobres, não avançam metas numéricas mas apresentam projectos concretos em áreas como energias renováveis, florestas ou transportes. As Maldivas afirmam que chegarão a 2020 neutras em carbono.
O Acordo de Copenhaga não tem carácter vinculativo e, na cimeira de Dezembro, os 194 países signatários da convenção climática da ONU apenas dele “tomaram nota”. Mas para o secretário executivo da convenção, Yvo de Boer, a resposta obtida até agora é um bom sinal. “É preciso maior ambição para se enfrentar o desafio [das alterações climáticas]. Mas vejo esses compromissos como claros sinais da vontade de avançar nas negociações rumo a uma conclusão bem sucedida”, afirma, num comunicado.
Depois do falhanço da cimeira de Copenhaga, que teoricamente deveria ter conduzido a um novo tratado internacional climático além do Protocolo de Quioto, as negociações formais prosseguem este ano, com nova data decisiva marcada para o fim do ano, no México.

(Fonte: Público.PT-Ecosfera)

Sem comentários:

Enviar um comentário